domingo, 24 de setembro de 2023

Escrita tranquila

 



A internet virou o recreio,

Ninguém se escuta,

Para,

Só brinca,

Faz birra,

Melhor ser criança por aqui,

Pensar,

Surfar,

Escrever,

Sem birras,

No objetivo genuíno,

Melhorar,

Solidificar...

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

 Em 2018, ia surfar, um cachorrinho foi atropelado, ele tentava andar, sofria. Faleceu! Na minha frente. A Dona da ONG dos cachorros, falou, hemorragia interna. Fiquei com a cena daquele cachorrinho querendo viver. Por semanas, colocava um musical de filmes, e me conectava com aquele cachorrinho. Sempre chorava. 

Perdi o Pen Drive, onde haviam as gravações.

Em 2020, ia caminhando a pé, para ir surfar, na volta, escuto um choro, um gripo. Pensei que era um passarinho... então pensei, vou lá ver o que é. Em um grande cajueiro lá estava, um filhotinho, sem dentes, mal abria os olhos.

Pegamos ele! Caju o nome dele!

Danado, Pé duro, Selvagem e Alegre.

Em 2022 fui ver uma cachorrinha lá na ONG, sempre faz festa ao me ver, a Olivia. Foi demais sabe? Acho que ela ficou bem contente porque fui lá.

Tinha encontrado o Pen Drive, na volta resolvi colocar o musical, tinha uns dois anos que não escutava. Quando cheguei em casa, estava tocando uma versão de Piratas do Caribe, mas essa é melhor que todas, já procurei no youtube e ninguém faz como essa. 

A música me deu muita alegria, e a mesma música que anos atrás me remetia ao cachorrinho querendo viver, agora eu via o Cajú cheio de vida na minha frente. 

E aquilo me deu muita alegria!

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Citroen 1996





Quando cheguei na Espanha em 1996 existia um cigano que morava na sucata de um carro antigo, creio que um citroen com pouco mais de 30 anos já na época. Ele morava com um montão de gatos e tinha um cachorro, bebia  a maior parte do dia e vivia da ajuda alguns vizinhos. A meninada adorava conversar com ele, ele contava melancolicamente suas inabilidades perante a vida, nunca estudara, sempre gostou de farras, até que um dia perdeu as forças, se distanciara da família e não entendia como tinha ido parar naquela situação. Mas dizia que nunca na vida ele iria para nenhum outro lugar, a prefeitura sempre vinha e tentava lhe levar para um abrigo. Mas ele dizia que para ali ele não iria, pois ele tinha que cuidar dos gatos e do cachorro, coisa que no abrigo era proibido. Por incrível que pareça, ele gostava daquela solidão, sempre estava a conversar com garotos e tinha seu cachorro ao seu lado. Certo dia um reboque chegou lá com um mandato judicial, devido a enumeras queixas dos vizinhos aquele carro sucata tinha que ser removido dali, pois estava faltando vagas para os morados do bairro. Então todos os garotos do bairro fizeram um grande apelo ao reboque, dizendo que assim como os moradores ele tinha direito a vaga. Eu me lembro que o mendigo cigano chorava e pedia para não levarem a sua casa. As autoridade disseram que sequer tinha documento, que ele viria a um abrigo. O reboque levou seu carro, sua casa. Numa noite de frio ele ficou chorando com seu cachorro ao lado. E disse, não posso abandonar meus animais. É tudo que tenho na vida. Vou ter que encontrar outro lugar para mim.

terça-feira, 8 de março de 2016

O Jazz e o subúrbio






Na noite fria,
subúrbio urbano,
Ainda resta lua,
resta amor,
resta Jazz,
Romance,
Restam velas,
Sobra frio,
Sobra Gin,
Sobra instinto feroz,
O som do sax invade,
sobram bitucas de cigarro,
Há um coração,
Restou o Jazz,
O rio é sujo,
mas nele a lua brilha,
Resta instinto...

Autor: Daniel Vidigal

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Mergulho...








Cinco da manhã,
não sei exatamente em que estratosfera me encontro...
nas profundezas da minha mente...
o despertador toca...
( musiquinha moderna do celular)
mais cinco minutos...
um pouco mais...
Hoje não, nada mais...
e saio das profundezas do meu inconsciente para o mundo real,
Um ventinho gostoso...
uma bela vista para o mar,
yogurte e um pouco de café agitam a mente.
Hoje é dia de dar um mergulho,
abro o portão e vou ate a praia…
Para a minha surpresa a cachorra do condomínio me segue,
"volta Bela, volta"
mas ela sacode o corpo todo e me olha com cara de "eu imploro",
"volta... volta..."
…saio e ela me segue...
fazendo redemoinhos com o corpo.
Chegando na praia...
o som de espuma das ondas é maravilhoso ...
mergulho e a Bela vai também,
ela sabe nadar...
ahh…figura...
Nem vi a hora e já estava dentro do carro,
escutando Rolling Stones...
indo para o trabalho

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Cedinho...





Cinco da manhã,
não sei exatamente em que estratosfera me encontro...
nas profundezas da minha mente...
o despertador toca...
grgrgrgrgrgr
mais cinco minutos...
um pouco mais...
Hoje não, nada mais...
e saio das profundezas do meu inconsciente para o mundo real,
Um ventinho gostoso...
uma bela vista para o mar,
yogurte e um pouco de café agitam a mente.
Hoje é dia de dar um mergulho,
abro o portão e vou ate a praia…
Para a minha surpresa a cachorra do condomínio me segue,
"volta Bela, volta"
mas ela sacode o corpo todo e me olha com cara de "eu imploro",
"volta... volta..."
…saio e ela me segue...
fazendo redemoinhos com o corpo.
Chegando na praia...
o som de espuma das ondas é maravilhoso ...
mergulho e a Bela vai também,
ela sabe nadar...
ahh…figura...
Nem vi a hora e já estava dentro do carro,
escutando Rolling Stones...
indo para o trabalho.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

FM certa ... na hora certa



Novembro de 1973 em um bar nas ruas frias de Porto Alegre um homem solitário chama muito pouco a atenção, este se diverte olhando a vida alheia, a gritaria das crianças, as senhoras conversando, os garotos jogando futebol... Acende um cigarro atrás do outro e desfruta de um bom sanduiche com refresco e café. As vezes o ventinho frio corre pelas mesas, é uma delicia para quem está bem agasalhado. Trata-se de um homem inteligente, observador, sua grande diversão é observar o mundo e as pessoas. Paga a conta, dá uma volta ao redor da lagoa e vai embora no seu Corcel branco. O carro tem seus traços característicos, cheira puro cigarro. Vai dirigindo o carro bem devagar, não tem pressa alguma para chegar ao seu apartamento, nesse dia escolhe até um caminho mais longo e liga o rádio. Está baixinho, escuta-se apenas aquele chiado, música corriqueira de pouca qualidade, seguida de comentários sem muita importância. Do nada ele conecta em outra rádio e percebe uma melhor qualidade no som, aí se diverte um pouco com a música. Na entrada de casa, decide ficar mais um pouco, pois a rua está fria e sente um pouco de preguiça de descer do carro. Então uma sintonia um pouco familiar começa a tocar, ele conhece aquele som de algum lugar... trata-se de uma música de sua infância, dos tempos em que ia passar férias na casa de campo de sua Avó, todos dançavam, brincavam e pulavam, é puro instrumental, não há letras... apenas sintonia. As lembranças e as imagens de seus pais, irmãos, primos e avós, todos de mãos dadas sorrindo e cantando lhe invade o coração. O extasy se torna tão grande que ele não pode mais controlar, as lagrimas escorrem pelo seu rosto naturalmente. A música acaba, enxuga as lágrimas e olha para as ruas, o vento continua frio do mesmo jeito. Sorri, pois está feliz. Vai para casa, depois tenta por diversas vezes identificar que música era aquela, mas não consegue. Tentar reproduzir ela: traranam... traranam... mas ninguém se lembra. Sua vida continua, mesmo sem poder escutar a música, agora seu coração é um pouco mais terno. 

Imagem retirada de: http://carros.uol.com.br/album/2014/09/13/encontro-celebra-40-anos-de-passat-no-brasil.htm  em Maio de 2015.