quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O vôo


Sempre pareceu coisa do destino;  são almas que se completam e, desde a primeira vez os dois se desestruturaram e saíram do eixo.  Foi como um grande vôo de águia; voaram alto, sem pensar, sem questionar. Não tinham nada contra o futuro, achavam até importante, mas o que importava mesmo eram aqueles momentos fortes, o que importava era o presente. Um vôo para ser lindo, deve ser irresponsável, sem preocupações com as  consequências, intenso. E a alma? Fica satisfeita e saciada de ver o mundo a 10000 pés de altura. E o futuro? A Deus pertence.

sábado, 10 de novembro de 2012

Crônica: A Revolução dos Bichos



Confesso que quando comprei esse livro pensava que era alguma fábula infantil ou um livro de contexto filosófico. O livro conta a história dos bichos da Granja do Solar que decidem se revoltar contra os humanos e tomar posse da granja. O desejo dos bichos se torna realidade, em duras batalhas eles se tornam donos da granja e a aparente liberdade lhes é dada. A medi
da que a história vai evoluindo os porcos aos poucos vão tomando conta de alguns privilégios e com o tempo vão se parecendo cada vez mais com os humanos. O livro é pesado e revoltante de se ler. Um sentido de impotência, angustia e revolta toma conta do leitor. No livro estão representados todos os símbolos da revolução russa: Marx, Stalin, Trotski, a igreja, o proletário e a classe média. O porco líder, Napoleão (Stalin), trai bola de neve (Trotski) e implanta uma ditadura sanguinária na granja, e no fim do livro, vive praticamente como um humano. Uma coisa que chama a atenção é como o porquinho Napoleão consegue fazer uma estrutura de poder muito mais poderosa sobre os bichos, pois a sua filosofia de poder não é somente impositiva (Exercito), mas também manipuladora( através do porquinho garganta), pois o mesmo conhece bem as fraquezas e os caminhos para conduzir os bichos como bem quiser, os animais continuaram trabalhando muito e com fome, mas Garganta lhes convencia que era tudo em prol da liberdade, se houvesse algum questionador, este a mando de Napoleão era executado pelos cachorros( o exercito). O ideal político de Marx representado por um porquinho falecido, sucumbe à pobreza de espírito dos porcos.
A liderança popular tem seus perigos, alguém que conhece a linguagem do povo e os elos do poder, pode fazer com mais facilidade uma tirania sobre uma nação em qualquer época. Por isso a importância de se ter valores sólidos.

No contexto da revolução dos bichos e relembrando a Revolução Francesa, sabe-se que ali também se instalou o terror depois que a aparente igualdade foi dada ao povo. A Revolução Francesa deu origem a guilhotina, assim se podia executar “traidores” com mais eficiência. Escritores Franceses dessa época como Balzac e Victor Hugo escreveram diversos livros com críticas inteligentes aos novos ricos que surgiram depois da Revolução. 
Esse texto não é político e sim reflexivo. Penso no nosso país e seus lideres até os dias de hoje. Alguns falaram a língua do povo, outros não.
Jorge Orwell, autor da Revolução dos Bichos, diz no prefácio de sua primeira publicação, o quanto era impressionante o poder que Stalin tinha na Europa. O autor teve sérias dificuldades para publicação do livro, pois todos tinham medo de comparar os lideres comunistas russos a porcos. Como se alcança tanto poder? O autor destaca como era assustador o poder desse político da época. Era possível publicar um livro com criticas a Churchil, mas nem um artigo criticando Stalin. Orwell era Indiano e residia na Inglaterra.
Penso no nosso país, nos nossos políticos. Quanta falta de moral. Independe de partidos. A corrupção que vem a publico é prática antiga. 
A pouca observação que tenho é que infelizmente ideologias políticas são quase todas vulneráveis à falta de espiritualidade humana e aos valores que se pode adquirir ao longo da vida.
Victor Hugo em seu romance Os miseráveis transparece um otimismo em relação à evolução espiritual humana. O protagonista do livro, Jean Valjean, mesmo com todas as injustiças sofridas que a vida lhe reservou, permanece coeso em relação a todos os valores dignos de um homem até o final, e logra dar uma vida feliz e digna a sua neta adotiva, Cossete.
Balzac, que compartilha opiniões parecidas com Victor Hugo, também nos dá uma lição em Ascensão e queda de Cesar Birotteau. O protagonista, bom e honesto, em excesso, para o mundo dos negócios vê a sua queda financeira. O impressionante, é que Cesar, apesar de entrar em desespero com sua falência, em momento algum se deixa corromper, e sua dignidade perante a sociedade é mantida até o final. As pessoas estranhamente têm um respeito inquestionável por ele até o fim de sua vida, mesmo sem dinheiro . Bela observação de Balzac. É o peso dos valores na vida das pessoas.
Outro exemplo interessante é visto no romance O Lobo do Mar de Jack London, em que um intelectual frágil fisicamente, mas espiritualmente evoluído, mesmo com todas as injustiças que sofreu em meio ao mar, mantém seus valores morais até o final. O Lobo Larsen, um homem consumido pelo materialismo e as injustiças do mundo, mesmo com uma estúpida força física, se deteriora sozinho com uma estranha doença em alto mar. E como é dito no final do livro: A alma do Lobo Larsen se livrou do seu corpo, para que ela possa voar livre e espontaneamente, longe das imperfeições humanas.
Chego ao final dessa Crônica, que é uma síntese de quatro livros que li. Deixo meu ponto de vista. Não acredito em nenhuma evolução ideológica ou política, e sim na evolução espiritual. Acredito nas pessoas que vêm ao mundo para deixar bons exemplos, nos alimentar sempre de otimismo e certeza que este mundo vai melhorar. Não simpatizo com mitos. Prefiro seguir os exemplos.

domingo, 4 de novembro de 2012

A Professora Maria Mabel


Ler é um dos maiores lazeres que a vida me permitiu, mergulhar em um bom livro é uma viagem sem volta, sempre nos trás algum aprendizado ou questionamento.  As pessoas cada vez lêem mais, me pergunto o que as motiva. Eu como amante dos livros não tenho as respostas, mas posso contar um fato curioso que  aconteceu quando cursava o primeiro ano em Valencia na Espanha.
Nessa época não era muito fã de estudos, era adepto a brincar na rua, sempre que havia um livro para ler na escola eu tomava aquilo como castigo, pois sempre gostei de ler o que me apetecia,  por obrigação era muito chato. As professoras empurravam goela abaixo algum livro importante da literatura espanhola. Já a Maria Mabel fez diferente. Ela disse que teríamos de ler um livro para ter uma das notas peso três naquela unidade, eu estava bem aborrecido com a novidade, a mesma informou que utilizaria um método diferente, que nos ensinaria a gostar de ler. Perto da escola havia três livrarias e uma biblioteca pública, então ela separou duas horas para que nos dedicássemos simplesmente a folhar os livros nesses quatro estabelecimentos. Prestávamos atenção nas capas, na introdução, no tamanho dos livros, no número de páginas, na editora, etc. Já em sala de aula ela nos perguntou se algum livro tinha nos chamado a atenção, seja por qualquer motivo, deveríamos escrever o título e relatar por que. Depois ela nos orientou escolher um dos livros relatados por nós mesmos, e nos deu três meses para ler. Eu escolhi as Aventuras de Huckleberry Finn de Mark Twain, o motivo tinha sido o título e a capa, me deliciei naquela leitura. Após três meses todos na turma tinham terminado. Depois ela passou um exercício simples:
1-      O livro correspondeu às expectativas?
2-      Faça um breve resumo.
3-      Que lições este livro deixou para a sua vida?
4-      Comente como foi a leitura.
5-      Você recomendaria este livro a alguém? Relate porque.
A atividade foi um sucesso, me ensinou a gostar ainda mais de ler. A professora Maria Mabel nos ajudou a ter gosto pela leitura. Sem criticar os outros, mas experiências como essas são as que realmente nos marcam.