quinta-feira, 21 de maio de 2015

FM certa ... na hora certa



Novembro de 1973 em um bar nas ruas frias de Porto Alegre um homem solitário chama muito pouco a atenção, este se diverte olhando a vida alheia, a gritaria das crianças, as senhoras conversando, os garotos jogando futebol... Acende um cigarro atrás do outro e desfruta de um bom sanduiche com refresco e café. As vezes o ventinho frio corre pelas mesas, é uma delicia para quem está bem agasalhado. Trata-se de um homem inteligente, observador, sua grande diversão é observar o mundo e as pessoas. Paga a conta, dá uma volta ao redor da lagoa e vai embora no seu Corcel branco. O carro tem seus traços característicos, cheira puro cigarro. Vai dirigindo o carro bem devagar, não tem pressa alguma para chegar ao seu apartamento, nesse dia escolhe até um caminho mais longo e liga o rádio. Está baixinho, escuta-se apenas aquele chiado, música corriqueira de pouca qualidade, seguida de comentários sem muita importância. Do nada ele conecta em outra rádio e percebe uma melhor qualidade no som, aí se diverte um pouco com a música. Na entrada de casa, decide ficar mais um pouco, pois a rua está fria e sente um pouco de preguiça de descer do carro. Então uma sintonia um pouco familiar começa a tocar, ele conhece aquele som de algum lugar... trata-se de uma música de sua infância, dos tempos em que ia passar férias na casa de campo de sua Avó, todos dançavam, brincavam e pulavam, é puro instrumental, não há letras... apenas sintonia. As lembranças e as imagens de seus pais, irmãos, primos e avós, todos de mãos dadas sorrindo e cantando lhe invade o coração. O extasy se torna tão grande que ele não pode mais controlar, as lagrimas escorrem pelo seu rosto naturalmente. A música acaba, enxuga as lágrimas e olha para as ruas, o vento continua frio do mesmo jeito. Sorri, pois está feliz. Vai para casa, depois tenta por diversas vezes identificar que música era aquela, mas não consegue. Tentar reproduzir ela: traranam... traranam... mas ninguém se lembra. Sua vida continua, mesmo sem poder escutar a música, agora seu coração é um pouco mais terno. 

Imagem retirada de: http://carros.uol.com.br/album/2014/09/13/encontro-celebra-40-anos-de-passat-no-brasil.htm  em Maio de 2015.

domingo, 3 de maio de 2015

Escrivaninha Sim, Smartphone não...






Outro dia estive notando uma qualidade que eu tenho: a capacidade de me concentrar. Modéstia parte mas é isso mesmo, gosto de me sentar me isolar de tudo e pensar muitas vezes em único problema, seja ele de cálculo, da vida, etc. Isso é muito bom para mim, posso falar de uma experiência positiva que tive na minha criação e que hoje é muito importante. Em primeiro lugar a televisão lá em casa sempre foi regrada, com horários e todo tipo de regras, lembro-me que meu pai não queria que a gente assistisse qualquer porcaria. Em segundo lugar o esporte sempre veio em primeiro lugar, o vídeo game sempre sofreu uma censura muito forte, nenhum de nós criamos gosto por ele. Em terceiro sempre fomos incentivados a gostar de ler. Em quarto e um dos mais importantes, quando eu tinha sete anos de idade meu pai nos deu uma escrivaninha para estudos, era bem legal com porta livros e porta lápis. A mesma foi encomendada em um carpinteiro da cidade. Tenho a lembrança de que meu pai a todo custo queria que ela permanecesse organizada, a gente demora muitos anos para entender, mas ele já estava nos ajudando a ter algo muito importante para a vida: uma boa mesa de estudos ou uma boa mesa de trabalho, um local para que nos sentíssemos a vontade para produzir coisas boas.

Gosto de observar, há muita gente como esse grande poder de concentração, há pessoas com essa dificuldade, só queria dizer que os pais podem dar uma grande contribuição: Não de um smartphone, dê uma escrivaninha de presente.