segunda-feira, 16 de junho de 2014

Crônica O Morro dos Ventos Uivantes


Imagem: jenimal.deviantart.com

Há tempos não me via tão entretido em um romance como este, a escritora Emily Bronte fornece ao livro uma atmosfera particular, a genialidade do enredo é complexa, mesmo assim vou me ousar a escrever uma crônica. Tudo começa com a narrativa do Senhor Lockwood, um cavalheiro inglês que muda-se para uma isolada casa de campo em busca de tranquilidade e afastamento da tão conturbada convivência urbana. O proprietário das terras, o Senhor Heathcliff, carrega um passado cheio de ódio e vinganças, em busca dessas respostas começa a narrativa da Senhora Dean, uma criada daquelas terras que conhecia o desenrolar do enredo.

Heathcliff fora encontrado ainda como menino e cigano nas ruas pelo senhor Earnshaw, o primeiro proprietário das terras há muitos anos atrás do começo da narrativa do romance. Em pouco tempo a presença do cigano provoca desavenças entre seus filhos biológicos, Catarina e Hindley, ocorre um terrível conflito psicológico naquela casa. Seu filho biológico Hindley cria um ódio profundo de Heathcliff. Em poucos anos o senhor Earnshaw morre e seu filho Hindley assume os comandos e começa uma série de maus tratos ao  cigano Heathcliff. Nessa mesma época Heathcliff e Catarina Earnshaw irmã de Hindley começam a viver um amor de infância, recheado de lindos passeios pelos campos, aventuras ao escurecer, descobertas por florestas, etc. Já moça Catarina se interessa por um jovem da alta sociedade, Edgar Linton, moço educado, rico e de boa índole. Ela nega seu amor a Heathcliff devido a interesses financeiros e por querer fazer continuar fazendo parte da alta sociedade. O cigano Heathcliff ganha o mundo com o coração amargurado. Os anos se passam, Catarina se torna uma mulher feliz com Edgar Linton, Hindley tem um filho chamado Hareton, mas com a morte de sua esposa se torna alcoólatra e viciado em jogo.

A senhora Dean sempre tentava manter a ordem no caos que muitas vezes se tornava inevitável.  Heathcliff reaparece rico e bem aparentado anos depois, disposto a reconquistar Catarina. Esta não nega seu casamento, tão pouco seu amor ao que se tornaria seu amante, julga  Heathcliff perverso, já seu esposo Edgar, o acusa de fraco pelo ciúmes. Uma espécie de manipulação destrutiva, difícil para um homem descrever esses sentimentos. Caso queriam melhor detalhes sobre o comportamento de Catarina, melhor ler o livro e conferir pela própria escritora. Heathcliff casa-se com a irmã de Edgar Linton, provocando um ciúme doentio em Catarina, que em seus conflitos começa a delirar, torna-se doente e morre dando a luz a uma linda menina que possui seu nome.

Nessa fase do livro, faço questão de chamar a atenção, pois nela é como se duas flechas fossem lançadas suavemente, dois sentidos a existência, quanta ousadia a minha. Edgar Linton supera a traição, a morte da esposa e cria sua filhota Catarina com todos os valores, carinho e amor que um pai pode dar.  Já Heathcliff continua raivoso e vingativo, sua última intenção é casar seu filho com Catarina, para que com a morte de Edgar Linton, se torne o dono de todas as terras, concluindo seus planos. Edgar Linton morre doente e com amor no coração, com a idade aproximada de 40 anos. Sua filha, uma menina educada e boa, porém, com todas as imperfeições que um ser humano pode ter, é forçada a se casar com o filho de Heathcliff, este morre poucos dias depois, o casamento serviu apenas para o roubo da herança. Me referi a duas flechas, pois uma trata-se da postura de Edgar Linton perante aos problemas e aos imprevistos da vida. A outra é a vingança e o ódio de Heathcliff, em momento algum a autora do livro aplica qualquer moralismo ao mesmo, apenas cita as etapas. Heathcliff é um mortal incapaz de superar as surpresas que a vida lhe reservou, nem por isso merece ser uma alma infeliz, pelo menos não nessa vida. No final da estória a jovem Catarina se apaixona pelo seu primo Heraton, Heathcliff a essa altura da vida se vê sem folego de prosseguir. O livro deixa a entender que Heathcliff começa a ser assombrado pelo seu antigo amor, Catarina... isso o deixa doente, pois a morte é para ele a liberdade... morre, e lendas de assombrações tomam conta do povoado, ambos fantasmas se amam pelos jardins dos pântanos. Já Catarina e Heraton começam um amor puro e prospero. Eis as duas flechas!. Elas não se encontram no livro, mas creio que é possível senti-las, um clássico é sempre um clássico, mas esse para mim deixa uma mensagem, que eu como imperfeito humano vou tentar cumpri-la: pouco moralismo, mais amor e muita fé.
 
 

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Únicos...


OOO Sem imagens OOO
 
 
Olhando para a lua me perguntei por quanto tempo?

Por quantas eras?

Gerações?

Maravilhas,

Romances,

Tragédias,

Na noite de um ventinho gostoso,

As palhas dos coqueiros transpiravam eternidade,

Profundidade,

A cor do céu era confusa...

Negra, cinza, azul...

Me senti parte de todas as gerações,

Todos os continentes,

Culturas,

Tempos,

Tragédias...

Holofote universal...

Mágico... Maravilhoso.
 
Daniel Vidigal

sábado, 7 de junho de 2014

A procura...




Sair para pescar,

É o mesmo que sair para mergulhar,

O fundo do mar é belo,

A notória falta de folego não deve assustar,

Quando estiver sentindo...

Tudo se entenderá...

Que tudo acontece por um acaso...

De nos diferenciar...

Sermos realmente superiores...

... aos outros animais,

Não apenas domesticados...

Mas encorajados de sentidos...

Amor...

Bem....

Viva.. procure... se extasie....
 
Daniel Vidigal
 
Imagem:
 
 
 
 

domingo, 1 de junho de 2014

Eu Preconceituo... tu preconceituas...



 
 
Em 2007 aos vinte e três anos tive minha primeira oportunidade de trabalho na cidade de São Sebastião do Passé, interior da Bahia, o local se chamava mais precisamente Taquipe. Era muito novo para as responsabilidades que adquiri naquele momento, hoje entendo perfeitamente que não tinha consciência de que estava comandando um barco com noventa pais de família e que toda a qualquer decisão e atitude minha, provocava impacto na vida daquelas pessoas. Cometi injustiças, demiti funcionários embalado em ondas de fofocas. Mas vamos a parte interessante da estória, pois não posso mais voltar no tempo. Logo que cheguei havia um funcionário que ficava na portaria conferindo a entrada e saída de veículos, fui informado naquele dia que se tratava de um sujeito perigoso, um criminoso que havia se infiltrado na empresa e eleito membro da CIPA, por isso a empresa não o poderia demitir, era recomendado que ficasse afastado de toda a qualquer atividade no campo que tinha uma extensão de 30 Km. Naquele momento concordei com todas as recomendações. Alguns meses depois o Engenheiro de Segurança da empresa me informou que ele não poderia ficar naquela função, pois era desvio, e se fosse de ficar na empresa que realizasse seu trabalho. Pensei em uma alternativa e decidi que ele se tornaria ajudante da manutenção, pois a oficina ficava ao lado do escritório, ou seja estaríamos sempre de olhos abertos. Chamei-o para uma conversa e lhe expliquei que ele não seria mais carpinteiro, mas sim ajudante da Manutenção, ele continuaria com o mesmo salário, mas aprenderia uma nova profissão, pois mecânica era uma atividade digna.

Essa primeira experiência durou cerca de dois anos, nesses tempos pude desfrutar de todas as pseudo amizades que um chefe pode arranjar. No final da obra a empresa em que trabalhava não tinha conseguido renovar o contrato, por isso nossos trabalhos estavam com os dias contados. A nova empresa tinha total interesse em empregar as pessoas que já conheciam o trabalho e a área, então me vi em uma situação complicada, pois tinha que concluir os trabalhos do contrato, além de desmobilizar um canteiro inteiro, sendo que, todos queriam pular fora do barco. Então era uma luta para segurar os funcionários, pois eles queriam se empregar na nova firma. A situação final foi a seguinte, apenas um montador de andaimes, um carreteiro, o ajudante de manutenção (o mesmo) e um ajudante não abandonaram o barco. O trabalho para desmobilizar o canteiro era duro. Tinhamos que carregar carretas, organizar estantes, pintar paredes, etc. O que mais me chamava atenção era o ajudante da mecânica, trabalhava tudo o que a empresa precisava naquele momento, era um leão. No final de tudo, quando tivemos sucesso e entregamos a chave do canteiro, tive a curiosidade de lhes perguntar porque não pressionaram para serem demitidos e irem para a outra firma. O carreteiro respondeu: Quando acabar aqui vou fazer umas entregas no Rio Grande do Sul. O montador de andaimes: Tenho pressa não, até essa firma embalar demora. O ajudante: Quando meu pai entrar ele me leva junto. Por fim o ajudante da mecânica: A oito anos atrás cometi um crime, um sujeito covarde bateu meu no meu filho, perdi a cabeça e lhe dei uma facada, por sorte ele não morreu, mas fui processado e preso. Passei dois anos na cadeia, perdi minha dignidade e respeito. Aqui você me deu a oportunidade de uma nova profissão, mecânico, posso trabalhar e ganhar a comida da família em qualquer lugar agora, pois aprendi muita coisa, a vida me deu uma nova chance. Sou muito agradecido a você.

Pouco pude concluir daquilo tudo, minhas intenções não eram boas, mas acabei fazendo o bem. Algum aprendizado me trouxe, pois não esqueci até hoje. Tenho minhas conclusões a respeito disso tudo, mas isso aí já é coisa minha.
 
Daniel Vidigal