terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Os Trilhos da Vida

Os Trilhos da Vida




Otávio tinha acabado de fechar um grande negocio em Canoas, cidade do Rio Grande Do Sul. Eram 17 horas e o mesmo degustava um bom café com croissant em uma padaria. Era um homem de sucesso nos negócios, um negociador nato.  Aos 33 anos era o mais bem sucedido administrador de uma fábrica de sapatos Paulista. Tinha uma eficiência comercial formidável,  acostumado a participar de grandes jantares, almoços, eventos e encontros de executivos. Casado com Maria, de 28 anos, já possuía dois filhos:  o Pedrinho com três anos e a Mariana de dois.  Os compromissos e a carreira eram prioridade em sua vida e, com isso, era um pai e esposo ausente de casa.  Sempre de terno, cabelo era impecável, típico nos homens de negócios. No entanto, percebia-se algum vazio em Otávio,  apesar de sua impecável educação no meio em que transitava. Era um homem distante, sem vigor, uma linguagem corporal quase morta; faltava algo em seus olhos negros. Maria tinha se conformado com aquela vida de esposa abandonada pelos compromissos, passava o dia cuidando da casa, dos filhos e vendo televisão, principalmente programas de fofoca. Algumas vezes ela costurava, ato incomum para uma senhora de sua classe social, mas isso,estranhamente, confortava seu coração. 
A padaria em que Otávio  tomava café ficava em frente a linha do metro; o barulho nos trilhos e as pessoas dentro daqueles vagões o transportavam a algum lugar. Pediu outro café sorrindo comercialmente, pensou em abrir o Laptop, mas desistiu; até desligou o celular. A garçonete lhe perguntou se queria mais alguma coisa e, com sua habitual educação pediu outro café. Nem percebeu e já eram 20 horas, seu vôo só sairia no dia seguinte ás 7h da manhã. Ainda lhe restava uma longa noite no hotel. Pagou a conta do café e começou a andar sozinho pela calçada da BR-110, levando sua pasta e seu Laptop,  seguindo a linha do trem. Toda vez que o trem passava, olhava para todos os vagões e observava as pessoas que nele transitavam; viajava no barulho dos trilhos. Já eram 21 horas e estava na frente de um prostíbulo. Há muitos anos não entrava em um.  Como homem de negócios e poderoso financeiramente, tinha fácil acesso as mulheres. Entrou! Lá dentro a maioria das meninas tinham entre 18 e 22 anos, todas eram bonitas e belas de corpo, nenhuma lhe chamava a atenção, queria apenas se distrair e beber um pouco. Sempre alguma aparecia e lhe oferecia companhia, ele agradecia e com ela apenas escutava música de péssima qualidade: Sertanejos, forró eletrônico, etc.
Certa hora uma moça jovem lhe chamou atenção:branquinha como um floco de neve, cabelo bem cuidado, seu corpo era magro e naturalmente bonito. Era espontânea, fumava e sorria com as amigas. Otávio se tornou tímido naquele momento, mesmo assim chamou a moça para conversar. Ela sentou e automaticamente pediu uma dose de Wisk, e apontou para ele, como sendo o pagador da bebida. Ele não sabia o que queria conversar, mas queria saber algo sobre ela. A moça o tratava como um saco de dinheiro, apenas aguardando uma boa proposta. Vendo que ele não tinha assunto e que o rapaz não lhe renderia mais que a dose de Wisk ela se levantou e começou dançar. Seu corpo se movimentava com uma energia impressionante, em uma linguagem sexual; a moça era livre e desimpedida. Ele simplesmente não conseguia tirar os olhos dela e lhe convidou a tomar outra dose. E por fim tomou coragem:
- Como é o seu nome?
- Eduarda.

- Quanto é o programa?
Ela friamente respondeu:
- 200 reais mais o aluguel do quarto.
- Mas eu só quero conversar, quando você cobra para conversar meia hora comigo?
- Querido, meu tempo é dinheiro, conversando ou fazendo o que você quiser, uma hora são 200 reais.
Otávio se sentiu estranho, se percebeu pela primeira vez na  vida um saco de dinheiro.
Ele aceitou:
- Tudo bem, 200 reais para conversar.
Quando chegaram no quarto ela imediatamente acendeu um cigarro, ele pediu que apagasse, mas ela se negou:
- Você não colocou no contrato: não fumar.
Otávio observou o quarto e percebeu que havia uma janela que  dava de frente para a linha do trem;  esperou que ele passasse para escutar o barulho dos trilhos. Ela se interessou por aquilo e perguntou:
- O que é que você está fazendo?
- Não sei por que, mas gosto de escutar o barulho dos trilhos.
- Sério? Por quê? Que estranho.
- Queria ter a resposta, mas não tenho, apenas sei que me faz bem. Menina, onde estão seus pais nesse momento?
- Minha mãe está em casa, eu digo para ela que faço eventos. No fundo ela sabe da verdade, mas faz vista grossa. Meu pai eu não sei, como a minha mãe mesmo diz, era um homem como você, de negócios, “comeu ela” e desapareceu no mundo. Minha chegada ao mundo foi muito triste, não quero falar disso, minha mãe nunca superou ser mãe solteira desse jeito; minha família apesar de pobre é muito tradicional e rígida.
Eduarda percebeu que Otávio tinha real interesse em sua vida, então continuou:
- Até os sete anos minha mãe chorava quase todos os dias, me levava chorando para escola, e pela noite reclamava de tudo e de todos, de como o mundo foi injusto com ela, depois do meu nascimento nunca mais se relacionou com outro homem, é uma mulher triste.
Otávio estava escutando tudo, a conversa mexia com ele, de certa forma o tocava. Os olhos de Eduarda expressavam vontade de ser feliz, apesar de distantes também. Ela se aproximou de Otávio e lhe deu um beijo na boca, tratou ele com um carinho que ela nunca tivera por nenhum outro homem, ele por sua vez se desligou de tudo: De sua esposa que tinha se moldado a aquela vida e seus compromissos. Ficou anestesiado com aquele beijo. Tratou-a como mulher, como sua primeira namorada. Há muitos anos suas qualidades de amante estavam adormecidas e naquele momento afloravam com uma violência estúpida, a cada beijo um homem sensível ia renascendo das cinzas. Já Eduarda, sentia pela primeira vez o gosto da vida, percebia a bondade dos homens. As coisas naquele quarto foram evoluindo naturalmente, ambos foram mergulhando naquele momento. O que estava acontecendo naquele quarto era muito mais que um encontro de dois corpos, distante de um executivo e uma prostituta, eram simplesmente duas almas, uma precisava da outra, e juntas percebiam o gosto da vida.
A hora tinha passado, ele queria continuar com ela, ela também o queria. Na boate continuaram bebendo e dançavam. Eduarda se sentia como uma menina amada, Otávio se sentia como um adolescente leve espontâneo, o homem que fora um dia. Mesmo que desajeitado dançava sertanejo, já ela poderosa com o corpo, tomava conta da situação. Nem perceberam e já eram cinco e meia da manhã. Ele tinha que pegar o voo e ela o trem. Otávio com sua mala a acompanhou até a estação, quando o transporte chegou ela se foi, o barulho dos trilhos dali de perto era contagiante e alto. Naquele vagão ela ia embora, ele queria que aqueles trilhos nunca parassem de cantar. Não pegou seu telefone e sabia que Eduarda era um nome falso.
Eduarda dentro do trem tirou uma santinha de dentro do bolso, seu tio tinha dado de presente quando tinha quatro anos, era o último ato de bondade que se lembrava de um homem. Apertou bem a santinha, sentiu um amor imenso pela sua mãe e por si mesma , decidiu que a partir daquele dia iria dar outro rumo a sua vida, só queria estar com aquela que lhe trouxe ao mundo e lhe agradecer pela primeira vez por fazer parte dele. Já ele, chorava na estação de trem como uma criança, se lembrava da lua de mel com sua esposa e se perguntava no que havia se convertido: Um saco de dinheiro e distante da alma e infeliz. Ele só queria ir para casa, abraçar seus filhos, sua esposa e começar uma nova vida,  ainda  estava em tempo.  Algo terno e bonito tocou em  ambos corações naquela noite:



domingo, 2 de dezembro de 2012

Café, Pão e Tucuman


Falta pouco mais de uma semana para ir embora de Manaus; pelo menos por essa obra será mais que o suficiente. Foi então que liguei para Raquel, mas quem atendeu foi outra pessoa e me disse que ela estava trabalhando. Tomei a iniciativa, vou lá. Me arrumei todo, coloquei uma blusa e  uma calça combinando e bem bonitas; olhei-me no espelho, ciente de que estava em forma. Me arrumei para Raquel e fui lá como havia decidido.  Vi-a de longe, quando cheguei; nesse momento ela estava em seu horário de laser, lanchando. Ela mesma apontou a mesa para que sua  irmã me atendesse e quando me reconheceu,  falou comigo. Fui bem discreto, sentei-me longe pois não queria agredir seu ambiente de trabalho.  Nunca tinha sido tão educado e tão compreensivo em nenhuma outra visita. Seu chefe tinha ciúmes de mim , desde que comecei a dar em cima dela e por isso procurei ser o mais discreto possível. O Café onde ela trabalha fica na praça do teatro Amazonas. Nessa época de fim de ano ela é toda embelezada com lindos enfeites de Natal. Tem um ambiente alegre e pacificador que nos contamina ,pois é um lugar  que aceita todas as pessoas igualmente:  mães solteiras com suas crias, casais com filhos, recém apaixonados, grupos de crianças... O som emitido lembra o horário de recreio de uma escola, onde só se escutam gritos de criança. Foi nesse café, nessa praça, em um intervalo de trabalho, que a conheci. Uma índia de 18 anos, com cabelos longos até a cintura, sem nenhuma maquiagem de uma beleza perfeita; seu corpo, uma escultura. O movimento de seus cabelos , ao andar, exalava cheiro de natureza, da força invisível que existe nessa terra tão linda. Sempre gostei de tomar Café com torradas e Tucuman. Nesse dia não fiz diferente e fiz meu pedido. Me perguntei: o que faço aqui? Há mais de um mês não nos vemos e o que vivemos foi apenas uma química intensa, um único encontro. O dia de trabalho era bem movimentado para ela que se movia com uma energia impressionante; era sempre  simpática e agradável com todos os clientes. Me desliguei do meu mundo e comecei a admirar aquela mulher, na verdade aquela menina de 18 anos e fiquei por minutos extasiado; para mim só havia espaço para aquela energia que sentia dentro de mim. Pela primeira vez pude compreender quem era aquela menina; uma mulher forte, que tirava energia não sei de onde para vencer. Lembrei de seu sonho de ser advogada;  do dinheiro que ganhava juntava 200 reais por mês e quando entrasse na faculdade, mesmo trabalhando, já teria um semestre pago. Ela admirava muito seu pai, que trabalhava com movimentação de carga no porto e nunca havia deixado faltar nada em casa. Lembrei de sua filha de três anos - por sorte a família lhe ajudava muito com as despesas...  voltando à realidade, via seus movimentos firmes e atraentes no trabalho. Quantas pessoas enfrentam a vida com tanta energia e tanto vigor? Lembrei de vários colegas de trabalho e percebi que aquela menina tinha muito a nos ensinar, a todos nós.
- Quer mais alguma coisa?
Quase acordei de um susto, era Raquel.
- Sim querida, outro Café por favor.
As pessoas se cruzam nesse universo conspirador, hora para o bem hora para o mal. Ali estava na minha frente uma mulher que marcaria a minha vida para sempre. Como a beleza pode camuflar uma mulher tão especial? 
Quando pedi a conta quem veio foi sua irmã. Deixei um bilhete para Raquel e pedi que ela o entregasse, dizia: Raquel, estou indo de vez de Manaus. Vim aqui para te ver pela última vez, e desejo muita paz e saúde para você e  sua filha.
Escrevi naquele papel meus sinceros sentimentos. E seguimos na vida cada um para um lado,sempre procurando vencer e ser feliz. 

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O vôo


Sempre pareceu coisa do destino;  são almas que se completam e, desde a primeira vez os dois se desestruturaram e saíram do eixo.  Foi como um grande vôo de águia; voaram alto, sem pensar, sem questionar. Não tinham nada contra o futuro, achavam até importante, mas o que importava mesmo eram aqueles momentos fortes, o que importava era o presente. Um vôo para ser lindo, deve ser irresponsável, sem preocupações com as  consequências, intenso. E a alma? Fica satisfeita e saciada de ver o mundo a 10000 pés de altura. E o futuro? A Deus pertence.

sábado, 10 de novembro de 2012

Crônica: A Revolução dos Bichos



Confesso que quando comprei esse livro pensava que era alguma fábula infantil ou um livro de contexto filosófico. O livro conta a história dos bichos da Granja do Solar que decidem se revoltar contra os humanos e tomar posse da granja. O desejo dos bichos se torna realidade, em duras batalhas eles se tornam donos da granja e a aparente liberdade lhes é dada. A medi
da que a história vai evoluindo os porcos aos poucos vão tomando conta de alguns privilégios e com o tempo vão se parecendo cada vez mais com os humanos. O livro é pesado e revoltante de se ler. Um sentido de impotência, angustia e revolta toma conta do leitor. No livro estão representados todos os símbolos da revolução russa: Marx, Stalin, Trotski, a igreja, o proletário e a classe média. O porco líder, Napoleão (Stalin), trai bola de neve (Trotski) e implanta uma ditadura sanguinária na granja, e no fim do livro, vive praticamente como um humano. Uma coisa que chama a atenção é como o porquinho Napoleão consegue fazer uma estrutura de poder muito mais poderosa sobre os bichos, pois a sua filosofia de poder não é somente impositiva (Exercito), mas também manipuladora( através do porquinho garganta), pois o mesmo conhece bem as fraquezas e os caminhos para conduzir os bichos como bem quiser, os animais continuaram trabalhando muito e com fome, mas Garganta lhes convencia que era tudo em prol da liberdade, se houvesse algum questionador, este a mando de Napoleão era executado pelos cachorros( o exercito). O ideal político de Marx representado por um porquinho falecido, sucumbe à pobreza de espírito dos porcos.
A liderança popular tem seus perigos, alguém que conhece a linguagem do povo e os elos do poder, pode fazer com mais facilidade uma tirania sobre uma nação em qualquer época. Por isso a importância de se ter valores sólidos.

No contexto da revolução dos bichos e relembrando a Revolução Francesa, sabe-se que ali também se instalou o terror depois que a aparente igualdade foi dada ao povo. A Revolução Francesa deu origem a guilhotina, assim se podia executar “traidores” com mais eficiência. Escritores Franceses dessa época como Balzac e Victor Hugo escreveram diversos livros com críticas inteligentes aos novos ricos que surgiram depois da Revolução. 
Esse texto não é político e sim reflexivo. Penso no nosso país e seus lideres até os dias de hoje. Alguns falaram a língua do povo, outros não.
Jorge Orwell, autor da Revolução dos Bichos, diz no prefácio de sua primeira publicação, o quanto era impressionante o poder que Stalin tinha na Europa. O autor teve sérias dificuldades para publicação do livro, pois todos tinham medo de comparar os lideres comunistas russos a porcos. Como se alcança tanto poder? O autor destaca como era assustador o poder desse político da época. Era possível publicar um livro com criticas a Churchil, mas nem um artigo criticando Stalin. Orwell era Indiano e residia na Inglaterra.
Penso no nosso país, nos nossos políticos. Quanta falta de moral. Independe de partidos. A corrupção que vem a publico é prática antiga. 
A pouca observação que tenho é que infelizmente ideologias políticas são quase todas vulneráveis à falta de espiritualidade humana e aos valores que se pode adquirir ao longo da vida.
Victor Hugo em seu romance Os miseráveis transparece um otimismo em relação à evolução espiritual humana. O protagonista do livro, Jean Valjean, mesmo com todas as injustiças sofridas que a vida lhe reservou, permanece coeso em relação a todos os valores dignos de um homem até o final, e logra dar uma vida feliz e digna a sua neta adotiva, Cossete.
Balzac, que compartilha opiniões parecidas com Victor Hugo, também nos dá uma lição em Ascensão e queda de Cesar Birotteau. O protagonista, bom e honesto, em excesso, para o mundo dos negócios vê a sua queda financeira. O impressionante, é que Cesar, apesar de entrar em desespero com sua falência, em momento algum se deixa corromper, e sua dignidade perante a sociedade é mantida até o final. As pessoas estranhamente têm um respeito inquestionável por ele até o fim de sua vida, mesmo sem dinheiro . Bela observação de Balzac. É o peso dos valores na vida das pessoas.
Outro exemplo interessante é visto no romance O Lobo do Mar de Jack London, em que um intelectual frágil fisicamente, mas espiritualmente evoluído, mesmo com todas as injustiças que sofreu em meio ao mar, mantém seus valores morais até o final. O Lobo Larsen, um homem consumido pelo materialismo e as injustiças do mundo, mesmo com uma estúpida força física, se deteriora sozinho com uma estranha doença em alto mar. E como é dito no final do livro: A alma do Lobo Larsen se livrou do seu corpo, para que ela possa voar livre e espontaneamente, longe das imperfeições humanas.
Chego ao final dessa Crônica, que é uma síntese de quatro livros que li. Deixo meu ponto de vista. Não acredito em nenhuma evolução ideológica ou política, e sim na evolução espiritual. Acredito nas pessoas que vêm ao mundo para deixar bons exemplos, nos alimentar sempre de otimismo e certeza que este mundo vai melhorar. Não simpatizo com mitos. Prefiro seguir os exemplos.

domingo, 4 de novembro de 2012

A Professora Maria Mabel


Ler é um dos maiores lazeres que a vida me permitiu, mergulhar em um bom livro é uma viagem sem volta, sempre nos trás algum aprendizado ou questionamento.  As pessoas cada vez lêem mais, me pergunto o que as motiva. Eu como amante dos livros não tenho as respostas, mas posso contar um fato curioso que  aconteceu quando cursava o primeiro ano em Valencia na Espanha.
Nessa época não era muito fã de estudos, era adepto a brincar na rua, sempre que havia um livro para ler na escola eu tomava aquilo como castigo, pois sempre gostei de ler o que me apetecia,  por obrigação era muito chato. As professoras empurravam goela abaixo algum livro importante da literatura espanhola. Já a Maria Mabel fez diferente. Ela disse que teríamos de ler um livro para ter uma das notas peso três naquela unidade, eu estava bem aborrecido com a novidade, a mesma informou que utilizaria um método diferente, que nos ensinaria a gostar de ler. Perto da escola havia três livrarias e uma biblioteca pública, então ela separou duas horas para que nos dedicássemos simplesmente a folhar os livros nesses quatro estabelecimentos. Prestávamos atenção nas capas, na introdução, no tamanho dos livros, no número de páginas, na editora, etc. Já em sala de aula ela nos perguntou se algum livro tinha nos chamado a atenção, seja por qualquer motivo, deveríamos escrever o título e relatar por que. Depois ela nos orientou escolher um dos livros relatados por nós mesmos, e nos deu três meses para ler. Eu escolhi as Aventuras de Huckleberry Finn de Mark Twain, o motivo tinha sido o título e a capa, me deliciei naquela leitura. Após três meses todos na turma tinham terminado. Depois ela passou um exercício simples:
1-      O livro correspondeu às expectativas?
2-      Faça um breve resumo.
3-      Que lições este livro deixou para a sua vida?
4-      Comente como foi a leitura.
5-      Você recomendaria este livro a alguém? Relate porque.
A atividade foi um sucesso, me ensinou a gostar ainda mais de ler. A professora Maria Mabel nos ajudou a ter gosto pela leitura. Sem criticar os outros, mas experiências como essas são as que realmente nos marcam.  

sábado, 13 de outubro de 2012

O Xadrez


Xadrez,
É um jogo milenar que se perpetua, há diversas explicações para tamanho sucesso. Serão os símbolos que existem nesse desafio entre duas pessoas?
 O Rei é a peça mais importante do jogo, é dele que o enxadrista deve cuidar, e o rei oponente deve ser rendido. O Rei é a peça mais frágil e mais lenta de manejar. Já a Rainha, é a mais forte, possui flexibilidade para ir a todas as direções, ela pode ser sacrificada, porém, mantê-la no jogo até o final é de grande vantagem, principalmente se sacrificamos a rainha inimiga. O cavalo, a torre e o bispo têm quase o mesmo valor. O peão é quem vai à frente, este se chega até a última casa do oponente pode se transformar na peça que quiser. É um jogo de raciocínio lógico para quem gosta de desafios.  
Horas e horas são investidas por pessoas de todo o mundo, principalmente com o estouro da internet. Quem entra em uma partida de Xadrez não entra para perder, por isso nunca incomodar alguém durante o jogo, o estágio de concentração é máximo, e a derrota tem gosto amargo. Mas quando se perde não há a quem culpar, o responsável por todos os movimentos é você mesmo, um jogo sem sorte envolvida, nenhum dado, nada. Apenas sua capacidade de pensar, prestar atenção, se concentrar e ir até a vitória. Em muitas jogadas o tempo passa, e não é possível saber qual é o melhor movimento, não há tempo para analisar, um mar de possibilidades e angustia toma conta do enxadrista, jogar ou não jogar, continuar pensando ou jogar logo, o tempo passa. O certo pode ser jogar logo, a decisão pode ser equivocada ou correta. O tempo é limitado, seu oponente tem a mesma vontade de ganhar que você, se vier a vitória, todos os méritos são seus, se vier a derrota, o responsável é você, sinal que de que precisa treinar mais para vencer aquele oponente. 

domingo, 16 de setembro de 2012

Aparente Paz




Impressionante como uma cidade vista de fora é tranqüila e acolhedora, sem conflitos, sem muitas perturbações. Pode-se sentar num café e observar a gostosa rotina que um canto desses oferece. De manhã cedinho há pouco engarrafamento, as pessoas chegam no trabalho rapidinho, as mãe andam pelas calçadas com as crias, algumas vão ao supermercado outras tem que deixá-las na escola. Durante o dia as pessoas andam pelo comércio movimentado, lojinhas simpáticas, sol quente; nas praças há sombra suficiente para acolher as pessoas aparentemente desocupadas.
Na cabeça de todas essas pessoas, há contas a pagar, paixões não vividas, conflitos com o vizinho, problemas de comércio. Dessa forma, se você se aprofundar em sua observação dessa paz aparente, percebe-se isso.
Um senhor chama muita atenção nessa cidade, pois ele fora grande produtor de Cacau, prefeito por oitos anos e deputado estadual por 16 anos. Rico, bem sucedido, educado, bem casado e no fim da vida. Nessa pacata cidade ele tem paz, tempo para brincar com os netinhos, as netinhas, passear com sua primeira e única esposa, comer bolinhos, tomar café, etc,etc. Uma pessoa bem resolvida, feliz com tudo que viveu, que realizou e  construiu com muito trabalho: um patrimônio e uma família. Aos domingos sempre almoça na casa de sua filha caçula, seu xodó de sempre; quando os irmãos sentem saudades do pai, é aí que vão a seu encontro. Já tem netos de 30 anos e sempre gasta horas dando lhes conselhos sobre negócios, política, mulheres e casamento; é um verdadeiro líder dentro de sua família e a admiração que os filhos tem por ele chegou até os netos. Os filhos não quiseram seguir nem o ramo do Cacau nem o ramo da política; formaram-se em direito, engenharia e medicina; apenas dois netos herdaram essa preferência do avô pela política. As coisas na vida desse senhor sempre tinham andado tão bem, que ele não nunca teve necessidade de se perguntar, se questionar, se avaliar. Nessa maré de paz em que vivia, era uma pessoa arrogante, e não lhe sobrava tempo para avaliar sua postura durante a vida, nos negócios ou na política;  nunca enxergou nada além da linda família e do patrimônio criado. Na consciência, às vezes, lampejos de lembranças e ações lhe vinham à memória, mas nada que o mobilizasse. Sua mulher era um pouco conflitada com as posturas dos homens perante a vida e o amor ao próximo, mas nem ela mesma conseguia um pouco de reflexão nesse homem.
Passara o dia lendo na praça; chegando em casa saudou  sua esposa que, muito atenciosa lhe serviu um café. Do nada um surto lhe deu na cabeça e a imagem de uma linda menina,de seus três anos,  o atordoou um pouco. Perguntava-se de onde viria a imagem daquela garotinha; realmente, ele não se lembrava, mas seu subconciente guardava tudo e o castigava há 20 anos, a respeito daquela garotinha.  Em 1990, ano de campanha para deputado estadual, os investimentos na política foram muito altos, as cobranças dos partidos por resultados eram  ferozes, e era necessário fazer uma campanha mais arrojada, pois a chefia  não permitiria menos de 30 mil votos. A política é assim, ao entrar, o tipo de cobrança e anseios desvia os valores e objetivos dos mais honestos, é preciso ser uma fortaleza para se manter integro nesse meio. Preocupado com seus investimentos, conseguira apoio da televisão estadual para fazer 2 minutos de campanha em horário ao vivo. Mobilizaram-se diversos seguidores políticos que o ajudaram com muito esforço, a visitar locais carentes e prometer coisas descontroladamente, sem nenhum tipo de planejamento, essas ações infelizmente fazem parte desse jogo. Um minuto de seu horário foi destinado a uma área carente, sem hospital, luz e escolas por perto. Nessa área uma garotinha de três anos foi a escolhida para estar em seu colo. Era uma criança iluminada, tinha os olhos vivos, uma energia intensa, dessas de quem vem com uma missão na terra. E mesmo com as pressões que este homem estava sofrendo, seu coração se tornava terno, a garotinha o tinha alcançado. Mas o jogo precisava continuar, seu coração voltou a ficar duro, esquecido da bagagem e missão para a qual veio a terra e o horário foi gravado. Ele, sem saber se teria a verba para executar aquilo, sem planejamento algum, prometeu a essa comunidade hospitais, luz, uma escola e um parquinho. A gravação tinha sido um sucesso e todos comemoraram.  Na gravação que foi ao ar, a imagem da garotinha lhe dando tchau, viveria para sempre no fundo da memória desse homem. Ele se elegeu deputado nesse ano com 35 mil votos, as ansiedades passaram, ultrapassou os 30 mil votos, após se eleger ocorrem outras pressões que descomprometem tudo o que foi prometido à população, é complexo e difícil de explicar, os interesses são confusos, as linhas de poder se chocam, o dinheiro é direcionado de maneira pesada, lenta, inconseqüente. Os hospitais, os parquinhos as escolas, os negócios e as pressões políticas não lhe permitiam lembrar de nada, o jogo continuava, nenhuma agenda, nenhuma anotação. A garotinha teve uma forte pneumonia, seus pais foram ao hospital da cidade, ela foi medicada, e voltou a casa. No dia seguinte de manhã ela passava bem, queria brincar de novo na rua, teve uma rápida tosse, precisava novamente de atendimento urgente, mas o hospital era longe e não havia transporte no momento.  Morreu aos 4 anos no braço da mãe a caminho do hospital. Teve um enterro humilde, deixou atrás de si uma grande dor e muita alegria que ainda teria para viver. Nessa comunidade morava a amiga da amiga da empregada da casa do deputado; entre as pessoas humildes as noticias ruins correm rápido, gostam de espalhar a todas horas essas notícias que abalam o coração de todos.O deputado perguntou se tinha alguma culpa disso; em seguida lembrou-se da feroz  e confusa disputa de verba e se aliviou ; se sensibilizou, mas não sentiu responsabilidade alguma por seus atos.
Então naquela tranqüila tarde, estranhamente a imagem da garotinha lhe vinha a mente com mais freqüência. Só aí ele percebeu que aquilo o atordoara por anos: aquele hospital não feito,  a falta de verbas, aquela disputa por poder, não era nada com ele, mas algo dentro dele o forçava a se dar uma satisfação. E assim.atordoado, foi dormir. Sua mulher que sempre dormia com ele, naquele dia dormiu no sofá, sentada vendo a novela. O senhor dormia profundamente e certa hora viu a imagem da garotinha no seu quarto; seu coração quase lhe veio a boca e uma grande quantidade de energia reprimida por anos desabou sobre seu corpo  e, sentindo alivio e susto ao mesmo tempo, percebeu que a imagem era ilusão, procurou a mulher e não a achou; a energia gasta por ver aquela imagem tinha sido tanta, que não conseguia se levantar, retornou ao sono. Então sonhou com o lugar onde nasceu, com sua humilde mãe, pai e irmãos, de sua comunidade no interior da Bahia, da ajuda mútua que havia naquele lugar, de como se distanciou de tudo, de como a ferocidade do mundo com seus interesses  o afastaram de suas origens . E nesse sonho, ele sentiu uma grande dor sobre seus pulmões, uma dor que era absurda para uma criança de 4 anos e um senhor de 75, toda a sua cabeça e seu corpo haviam sido transferidos para o momento em que a garotinha tinha falecido, procurava a sua mulher ao lado da cama, meio acordado e meio dormindo, mas não achava nada, ela dormia profundamente no sofá, o grito forte e estrondoso da garotinha triturava sua cabeça e todo seu corpo, procura explicações para tamanha energia e não achava. A garotinha pedia para ele cuidar dela, ele não conseguia responder. Em certo momento ele pegou desesperado na mão da menina  e lhe disse:  prometo que cuido de você querida, para toda a eternidade e os olhos da garotinha brilharam e o coração do homem não agüentou de emoção. Sua última lembrança de vida, era ele saindo de seu corpo, colocondo-a no colo, ela o abraçava com muita confiança, eles por fim haviam se encontrado. Tivera uma morte feliz. 

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Como é bom conhecer pessoas empreendedoras



Dia de trabalho bem movimentado, eu retornando de Mossoró pela CE-040, já eram 14:00 horas e ainda não havia almoçado. Primeiro pensei em parar em uma das várias churrascarias que há nessa rodovia
mas sempre estavam muito cheias e eu passava direto. Os minutos iam passando e eu percebi que a fome só piorava, do nada me reparei em uma casinha simples com umas redes do lado de fora e uma pequena placa: Restaurante Cajueiro. Fiquei meio desconfiado, lugar muito pequeno, mas parei. Chegando lá havia um homem sem camisa deitado na rede, lhe perguntei se ainda estava saindo almoço, e quais opções estavam sendo servidas. Ele quase me colocando para fora do restaurante me disse:
-Sai só carneiro, quer?
Respondi:
-Claro que sim.
Ele se levantou colocou uma blusa e gritou:
-Mulher, prepara um prato de carneiro caprichado, tem gente aqui.
Dei uma volta no restaurante, observei as redes, as galinhas, uns bodes, os filhos dele correndo pela área toda, eram dois, e tinham entre 8 e 10 anos. Aproveitei e bati algumas fotos, achei o local curioso. Quando voltei a me sentar, parabenizei ele pela casa e lhe disse que era muito agradável. Ele lógico, agradeceu o elogio e fez propaganda da comida dele, que era a mesma que ele, a mulher e os filhos comiam. Quando a comida veio, realmente, um arroz soltinho e temperado, o feijão verde delicioso e o carneiro sem comentários, uma delicia. Dessa vez elogiei a comida, ele tornou a fazer propaganda, disse que a mulher faz pouca comida, que é a conta certa para em torno de 10 pessoas passarem por ali no dia, e que eu já era o décimo segundo e pensou em não me atender, mas como eu disse que queria o carneiro ele abriu exceção. Enquanto aproveitava aquele ventinho e a comida tornei a puxar assunto:
- Mas porque você não atende mais de dez pessoas por dia?
Ele respondeu:
-Rapaz, a partir dessa quantidade a comida começa a ficar ruim, e a mim o que me interessa é que a minha família coma bem.
Eu lógico comecei a me interessar por aquela filosofia de vida. Lhe disse, o ponto aqui é muito bom, essa rodovia é muito movimentada. Daí ele disparou a falar:
-Eu gostava dela antes da reforma, isso aqui quase deu errado várias vezes por causa dessa reforma. Primeiro eu tinha uma placa aqui grande, Restaurante e Churrascaria, daí paravam vários caminhoneiros mal educados, sem hora, e nada, e quando parava um, virava uma moda, em seguida isso aqui enchia, eles falavam alto, comiam feito uns mal educados e minha paz ia embora. Falei para a mulher que ia vender isso aqui, mas aí a mulher sugeriu que tirássemos a placa e colocássemos uma menor. Batata, a paz voltou a nossa casa. Depois teve uma época que isso aqui virou ponto de bêbado, o pessoal gostava das mesinhas aí fora para beber, e apareciam com som alto, sem hora e limites de parar, pensei em vender de novo, aí minha mulher sugeriu que não vendêssemos mais cachaça e cerveja. Hoje vendo no máximo umas duas cervejas, pois tem amigos que almoçam aqui e gostam, a depender de quem pede eu digo que não tem e torço para ir embora. Hoje um monte de corno aparece aqui querendo comprar, mas minha mulher diz que nessa casa está a nossa história e não me deixa vender As vezes tenho vontade de comprar uma área longe dessa estrada. Aqui vivo eu nessa paz, deus me livre ganhar dinheiro, isso é para quem sabe ter, eu nunca vi a graça. Outro dia apareceram aqui querendo pintar o muro com política, lhe disse que não voto em ninguém, muito menos pintar meu muro.
Quando ele acabou esse relato lhe perguntei se poderia bater uma foto sua, ele deu risada e disse:
-É cada um que aparece.
E bati as fotos. Acabei de degustar a comida, realmente, deliciosa, fiquei olhando para aquela figura. Apreciei o ventinho gostoso daquela casa, pedi um café, esqueci-me de muita coisa por um momento. Paguei a conta, antes de retornar a estrada ele me desejou boa viagem e para procurar ser feliz. Realmente um sábio, poucas pessoas desejam isso nessa situação, procure ser feliz. Tomei a estrada e retornei a minha realidade. Como é bom encontrar pessoas felizes e satisfeitas com a vida.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Pressão Interna

Quando projetamos um equipamento, a pressão que ele deve suportar é um valor congelado, porém, que pode ser reduzido com o uso. Já falar de pressão e ser humano é muito mais complexo, pois com o passar do tempo alguns se habituam com as pressões fortíssimas da vida, outros, a medida que vão envelhecendo, se deterioram aos poucos e ficam cada vez mais fracos. Um equipamento, além de suas funções operacionais, deve também equalizar a pressão interna com a pressão externa e vejo que isso é muito parecido com o nosso dia a dia. Recebemos diversos tipos de pressões externas e somos forçados a ter estrutura interna correspondente para que possamos nos equalizar com o meio externo. Mas o que é estrutura interna?
Claro que também depende de religião e doutrina, mas a estrutura interna de uma pessoa é construída, em primeiro lugar, olhando para dentro de si e não para fora, projetando nos outros ou no mundo. E o que nos faz olhar para dentro de nós mesmos? Desafios e adversidades, sem isso é muito difícil ir adiante. Mas é
claro: tudo com calma, cautela e espontaneidade. Deixando vir aos poucos ; o processo é lento e a vida é longa e prazerosa.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Por do Sol em Ponta do Mel

Como vim passar o São João em Mossoró não resisti deixar de ir à Ponta do Mel.  Ali pode-se ver o mar de um ângulo muito belo. Olhei várias vezes e senti conforto, senti a imensidão, percebi o brilho da vida e como é desafiante tentar entender toda aquela quantidade de água azul. Olhava e olhava para tentar entender aquilo tudo, mas percebi que não havia fim, poderia estar ali por horas, semanas e até anos mas não teria todas as respostas. A sabedoria consistia em curtir aquele momento, sem pressa, com paciência, ciente de que o mar estaria sempre ali. Depois fui a um barzinho apreciar o por do sol e tomar uma cervejinha.  A música do bar fazia bem, apesar de ser brega. A vista nesse ponto mais baixo também era preciosa.  Havia inúmeros barcos pesqueiros e o sol raiava sobre o mar.  Ali havia belas pedras, intactas, pois os pescadores nunca as haviam desrespeitado. Na mesa ao lado havia pescadores tomando pinga e cerveja;  senhores que deveriam ter mais de 60 anos e que,  apesar de barrigudos, tinham braços fortes e muita disposição para trabalhar: percebía-se que tinham saúde. A pele bronzeada há anos, já acostumada com o sol, sem conhecimento de protetor solar. Um deles dizia que já havia jogado com um jogador do Botafogo,  famoso na decada de 70, há 40 anos,  no campeonato de Mossoró,; o outro disse que naquele ano foi o melhor goleiro da região e, por fim, o terceiro discordou de tudo e dise que o tal jogador do Botafogo na verdade só tinha jogado em Natal e daí desencadearam uma longa discussão; disseram inclusive que um dia  iam chamar o tal jogador lá em Natal, ainda vivo, para esclarecer tudo. Eles falavam sobre todos os amores que haviam passado por Ponta do Mel, pois mesmo com o passar dos anos um grande amor não se apaga nunca. Lembraram também que a o horário de pescar no dia seguinte seria às 3 da manhã devido a maré.  Percebi que para eles não existe sábado, domingo nem jornada laboral, suas rotinas são ditadas pela Maré e pelo sol quente. Nessa conversa rica , cheia de vida e passado, o Sol ia se ponto em Ponta do Mel. A sensibilidade de cada um quando chega a determinado local tem suas particularidades e essa região próxima a Areia Branca sempre me recebe bem. As energias aqui são positivas, não há palavras e sequer imagens para descrever o que é curtir um por do sol em Ponta do Mel.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Um surto de Felicidade

Acordou naquele dia feliz, sem problemas, sorrindo para as dificuldades, vendo as adversidades como prazeres da vida a serem enfretados. Perguntando-se: E Agora? O que vou fazer?
Lhe veio a mente: Vou arrumar problemas maiores para a minha vida.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Cheguei em casa naquele dia, as estantes estavam arrumadas e a casa limpa. Conferi todos os meus livros: todos no mesmo lugar, limpos. O Tapete estava na frente de casa, local escolhido por mim há mais de 5 anos. A Janela limpa, sem sequer um arranhão, cheirosa, bem feita. Verifiquei o banheiro e me aborreci um pouco pois a empregada havia utilizado um desinfetando diferente, mas a pasta de dente era a mesma. Fui até a sala de música, peguei um conto de Tchecov para ler e coloquei Mozart.  A música começou a tocar, fiquei ali sentado curtindo a minha vida. Do Nada o vento tirou o tapete do lugar, fui e coloquei no mesmo lugar. Voltei a sentar e o vento voltou a tirar o tapete e várias revistas. Tentei colocá-los no lugar, mas não consegui. Então, muita água começou a entrar em toda a casa, tentei contê-la, mas não tinha como e uma grande piscina se formou em toda a minha casa. Meus livros e toda a ordem de anos haviam se desfeito e comecei a gostar da sensação daquela piscina; subi até o lustre da casa e mergulhei nela. Lembrei de um óculos de natação que tinha de infância, coloquei-o e comecei a mergulhar pela casa toda. Em baixo d'água, a corrente era muito forte.  Na verdade era tudo muito divertido. Quando levantava para tomar fôlego, me segurava no lustre e apreciava muito aquele momento, pois há anos eu não era tão feliz. Vários animais e vários amigos entraram na casa para brincar comigo, brincamos de pega pega embaixo dágua e eu me saia bem como de costume. Certa  hora me faltou um pouco de ar. Quando acordei, o livro estava sobre o meu peito, estava tudo no mesmo lugar e Mozart era belo e simples como sempre.