Otávio tinha acabado de fechar um grande negocio em Canoas, cidade do
Rio Grande Do Sul. Eram 17 horas e o mesmo degustava um bom café com croissant
em uma padaria. Era um homem de sucesso nos negócios, um negociador nato.
Aos 33 anos era o mais bem sucedido administrador de uma fábrica de
sapatos Paulista. Tinha uma eficiência comercial formidável, acostumado a
participar de grandes jantares, almoços, eventos e encontros de executivos.
Casado com Maria, de 28 anos, já possuía dois filhos: o Pedrinho com três
anos e a Mariana de dois. Os compromissos e a carreira eram prioridade em
sua vida e, com isso, era um pai e esposo ausente de casa. Sempre
de terno, cabelo era impecável, típico nos homens de negócios. No entanto,
percebia-se algum vazio em Otávio, apesar de sua impecável educação
no meio em que transitava. Era um homem distante, sem vigor, uma linguagem
corporal quase morta; faltava algo em seus olhos negros. Maria tinha se
conformado com aquela vida de esposa abandonada pelos compromissos, passava o
dia cuidando da casa, dos filhos e vendo televisão, principalmente programas de
fofoca. Algumas vezes ela costurava, ato incomum para uma senhora de sua classe
social, mas isso,estranhamente, confortava seu coração.
A padaria em que Otávio tomava café ficava em frente a linha do
metro; o barulho nos trilhos e as pessoas dentro daqueles vagões o
transportavam a algum lugar. Pediu outro café sorrindo comercialmente, pensou
em abrir o Laptop, mas desistiu; até desligou o celular. A garçonete lhe
perguntou se queria mais alguma coisa e, com sua habitual educação pediu outro
café. Nem percebeu e já eram 20 horas, seu vôo só sairia no dia seguinte ás 7h
da manhã. Ainda lhe restava uma longa noite no hotel. Pagou a conta do café e
começou a andar sozinho pela calçada da BR-110, levando sua pasta e seu Laptop,
seguindo a linha do trem. Toda vez que o trem passava, olhava para todos
os vagões e observava as pessoas que nele transitavam; viajava no barulho dos
trilhos. Já eram 21 horas e estava na frente de um prostíbulo. Há muitos anos
não entrava em um. Como homem de negócios e poderoso financeiramente,
tinha fácil acesso as mulheres. Entrou! Lá dentro a maioria das meninas tinham
entre 18 e 22 anos, todas eram bonitas e belas de corpo, nenhuma lhe chamava a
atenção, queria apenas se distrair e beber um pouco. Sempre alguma aparecia e
lhe oferecia companhia, ele agradecia e com ela apenas escutava música de
péssima qualidade: Sertanejos, forró eletrônico, etc.
Certa hora uma moça jovem lhe chamou atenção:branquinha como um floco de neve, cabelo bem cuidado, seu corpo era magro e naturalmente bonito. Era espontânea, fumava e sorria com as amigas. Otávio se tornou tímido naquele momento, mesmo assim chamou a moça para conversar. Ela sentou e automaticamente pediu uma dose de Wisk, e apontou para ele, como sendo o pagador da bebida. Ele não sabia o que queria conversar, mas queria saber algo sobre ela. A moça o tratava como um saco de dinheiro, apenas aguardando uma boa proposta. Vendo que ele não tinha assunto e que o rapaz não lhe renderia mais que a dose de Wisk ela se levantou e começou dançar. Seu corpo se movimentava com uma energia impressionante, em uma linguagem sexual; a moça era livre e desimpedida. Ele simplesmente não conseguia tirar os olhos dela e lhe convidou a tomar outra dose. E por fim tomou coragem:
- Como é o seu nome?
- Eduarda.
- Quanto é o programa?
Ela friamente respondeu:
- 200 reais mais o aluguel do quarto.
- Mas eu só quero conversar, quando você cobra para conversar meia hora comigo?
- Querido, meu tempo é dinheiro, conversando ou fazendo o que você quiser, uma hora são 200 reais.
Otávio se sentiu estranho, se percebeu pela primeira vez na vida um saco de dinheiro.
Certa hora uma moça jovem lhe chamou atenção:branquinha como um floco de neve, cabelo bem cuidado, seu corpo era magro e naturalmente bonito. Era espontânea, fumava e sorria com as amigas. Otávio se tornou tímido naquele momento, mesmo assim chamou a moça para conversar. Ela sentou e automaticamente pediu uma dose de Wisk, e apontou para ele, como sendo o pagador da bebida. Ele não sabia o que queria conversar, mas queria saber algo sobre ela. A moça o tratava como um saco de dinheiro, apenas aguardando uma boa proposta. Vendo que ele não tinha assunto e que o rapaz não lhe renderia mais que a dose de Wisk ela se levantou e começou dançar. Seu corpo se movimentava com uma energia impressionante, em uma linguagem sexual; a moça era livre e desimpedida. Ele simplesmente não conseguia tirar os olhos dela e lhe convidou a tomar outra dose. E por fim tomou coragem:
- Como é o seu nome?
- Eduarda.
- Quanto é o programa?
Ela friamente respondeu:
- 200 reais mais o aluguel do quarto.
- Mas eu só quero conversar, quando você cobra para conversar meia hora comigo?
- Querido, meu tempo é dinheiro, conversando ou fazendo o que você quiser, uma hora são 200 reais.
Otávio se sentiu estranho, se percebeu pela primeira vez na vida um saco de dinheiro.
Ele aceitou:
- Tudo bem, 200 reais para conversar.
Quando chegaram no quarto ela imediatamente acendeu um cigarro, ele pediu que apagasse, mas ela se negou:
- Você não colocou no contrato: não fumar.
Otávio observou o quarto e percebeu que havia uma janela que dava de frente para a linha do trem; esperou que ele passasse para escutar o barulho dos trilhos. Ela se interessou por aquilo e perguntou:
- O que é que você está fazendo?
- Não sei por que, mas gosto de escutar o barulho dos trilhos.
- Sério? Por quê? Que estranho.
- Queria ter a resposta, mas não tenho, apenas sei que me faz bem. Menina, onde estão seus pais nesse momento?
- Minha mãe está em casa, eu digo para ela que faço eventos. No fundo ela sabe da verdade, mas faz vista grossa. Meu pai eu não sei, como a minha mãe mesmo diz, era um homem como você, de negócios, “comeu ela” e desapareceu no mundo. Minha chegada ao mundo foi muito triste, não quero falar disso, minha mãe nunca superou ser mãe solteira desse jeito; minha família apesar de pobre é muito tradicional e rígida.
Eduarda percebeu que Otávio tinha real interesse em sua vida, então continuou:
- Até os sete anos minha mãe chorava quase todos os dias, me levava chorando para escola, e pela noite reclamava de tudo e de todos, de como o mundo foi injusto com ela, depois do meu nascimento nunca mais se relacionou com outro homem, é uma mulher triste.
Otávio estava escutando tudo, a conversa mexia com ele, de certa forma o tocava. Os olhos de Eduarda expressavam vontade de ser feliz, apesar de distantes também. Ela se aproximou de Otávio e lhe deu um beijo na boca, tratou ele com um carinho que ela nunca tivera por nenhum outro homem, ele por sua vez se desligou de tudo: De sua esposa que tinha se moldado a aquela vida e seus compromissos. Ficou anestesiado com aquele beijo. Tratou-a como mulher, como sua primeira namorada. Há muitos anos suas qualidades de amante estavam adormecidas e naquele momento afloravam com uma violência estúpida, a cada beijo um homem sensível ia renascendo das cinzas. Já Eduarda, sentia pela primeira vez o gosto da vida, percebia a bondade dos homens. As coisas naquele quarto foram evoluindo naturalmente, ambos foram mergulhando naquele momento. O que estava acontecendo naquele quarto era muito mais que um encontro de dois corpos, distante de um executivo e uma prostituta, eram simplesmente duas almas, uma precisava da outra, e juntas percebiam o gosto da vida.
A hora tinha passado, ele queria continuar com ela, ela também o queria. Na boate continuaram bebendo e dançavam. Eduarda se sentia como uma menina amada, Otávio se sentia como um adolescente leve espontâneo, o homem que fora um dia. Mesmo que desajeitado dançava sertanejo, já ela poderosa com o corpo, tomava conta da situação. Nem perceberam e já eram cinco e meia da manhã. Ele tinha que pegar o voo e ela o trem. Otávio com sua mala a acompanhou até a estação, quando o transporte chegou ela se foi, o barulho dos trilhos dali de perto era contagiante e alto. Naquele vagão ela ia embora, ele queria que aqueles trilhos nunca parassem de cantar. Não pegou seu telefone e sabia que Eduarda era um nome falso.
Eduarda dentro do trem tirou uma santinha de dentro do bolso, seu tio tinha dado de presente quando tinha quatro anos, era o último ato de bondade que se lembrava de um homem. Apertou bem a santinha, sentiu um amor imenso pela sua mãe e por si mesma , decidiu que a partir daquele dia iria dar outro rumo a sua vida, só queria estar com aquela que lhe trouxe ao mundo e lhe agradecer pela primeira vez por fazer parte dele. Já ele, chorava na estação de trem como uma criança, se lembrava da lua de mel com sua esposa e se perguntava no que havia se convertido: Um saco de dinheiro e distante da alma e infeliz. Ele só queria ir para casa, abraçar seus filhos, sua esposa e começar uma nova vida, ainda estava em tempo. Algo terno e bonito tocou em ambos corações naquela noite:
- Tudo bem, 200 reais para conversar.
Quando chegaram no quarto ela imediatamente acendeu um cigarro, ele pediu que apagasse, mas ela se negou:
- Você não colocou no contrato: não fumar.
Otávio observou o quarto e percebeu que havia uma janela que dava de frente para a linha do trem; esperou que ele passasse para escutar o barulho dos trilhos. Ela se interessou por aquilo e perguntou:
- O que é que você está fazendo?
- Não sei por que, mas gosto de escutar o barulho dos trilhos.
- Sério? Por quê? Que estranho.
- Queria ter a resposta, mas não tenho, apenas sei que me faz bem. Menina, onde estão seus pais nesse momento?
- Minha mãe está em casa, eu digo para ela que faço eventos. No fundo ela sabe da verdade, mas faz vista grossa. Meu pai eu não sei, como a minha mãe mesmo diz, era um homem como você, de negócios, “comeu ela” e desapareceu no mundo. Minha chegada ao mundo foi muito triste, não quero falar disso, minha mãe nunca superou ser mãe solteira desse jeito; minha família apesar de pobre é muito tradicional e rígida.
Eduarda percebeu que Otávio tinha real interesse em sua vida, então continuou:
- Até os sete anos minha mãe chorava quase todos os dias, me levava chorando para escola, e pela noite reclamava de tudo e de todos, de como o mundo foi injusto com ela, depois do meu nascimento nunca mais se relacionou com outro homem, é uma mulher triste.
Otávio estava escutando tudo, a conversa mexia com ele, de certa forma o tocava. Os olhos de Eduarda expressavam vontade de ser feliz, apesar de distantes também. Ela se aproximou de Otávio e lhe deu um beijo na boca, tratou ele com um carinho que ela nunca tivera por nenhum outro homem, ele por sua vez se desligou de tudo: De sua esposa que tinha se moldado a aquela vida e seus compromissos. Ficou anestesiado com aquele beijo. Tratou-a como mulher, como sua primeira namorada. Há muitos anos suas qualidades de amante estavam adormecidas e naquele momento afloravam com uma violência estúpida, a cada beijo um homem sensível ia renascendo das cinzas. Já Eduarda, sentia pela primeira vez o gosto da vida, percebia a bondade dos homens. As coisas naquele quarto foram evoluindo naturalmente, ambos foram mergulhando naquele momento. O que estava acontecendo naquele quarto era muito mais que um encontro de dois corpos, distante de um executivo e uma prostituta, eram simplesmente duas almas, uma precisava da outra, e juntas percebiam o gosto da vida.
A hora tinha passado, ele queria continuar com ela, ela também o queria. Na boate continuaram bebendo e dançavam. Eduarda se sentia como uma menina amada, Otávio se sentia como um adolescente leve espontâneo, o homem que fora um dia. Mesmo que desajeitado dançava sertanejo, já ela poderosa com o corpo, tomava conta da situação. Nem perceberam e já eram cinco e meia da manhã. Ele tinha que pegar o voo e ela o trem. Otávio com sua mala a acompanhou até a estação, quando o transporte chegou ela se foi, o barulho dos trilhos dali de perto era contagiante e alto. Naquele vagão ela ia embora, ele queria que aqueles trilhos nunca parassem de cantar. Não pegou seu telefone e sabia que Eduarda era um nome falso.
Eduarda dentro do trem tirou uma santinha de dentro do bolso, seu tio tinha dado de presente quando tinha quatro anos, era o último ato de bondade que se lembrava de um homem. Apertou bem a santinha, sentiu um amor imenso pela sua mãe e por si mesma , decidiu que a partir daquele dia iria dar outro rumo a sua vida, só queria estar com aquela que lhe trouxe ao mundo e lhe agradecer pela primeira vez por fazer parte dele. Já ele, chorava na estação de trem como uma criança, se lembrava da lua de mel com sua esposa e se perguntava no que havia se convertido: Um saco de dinheiro e distante da alma e infeliz. Ele só queria ir para casa, abraçar seus filhos, sua esposa e começar uma nova vida, ainda estava em tempo. Algo terno e bonito tocou em ambos corações naquela noite: