domingo, 26 de maio de 2013

Cocadas

Estava perto de fazer 16 anos e tinha ficado nas recuperações de física e português. Minha família tinha ido passar as férias na ilha de Itaparica-BA, com esse amargo resultado eu viajava rumo á família de ônibus e o verde do recôncavo aliviava a conversa que teria com meu pai. No fundo não me arrependia de nada: do clube, dos jogos de futebol, das festas... Tinha brincado bastante e aquele era o preço. Certo momento em um dos pontos de ônibus o motorista arrancou e ia-se embora dali. Mas apareceu um menino vendendo cocada e três pessoas de dentro do ônibus gritavam:
- Para o ônibus Motô.. .cocada...cocada
Quem vendia era um menino da minha idade que usava roupas simples e havaianas. Com toda concentração que alguém pode ter... Ele correu para alcançar o ônibus com a bandeja de cocada nas mãos. As pessoas continuaram gritando:
- Motô espera aí, espera aí Motô.
Ele bem suado chegou ao destino, subiu no ônibus e vendeu três cocadas. Logo depois agradeceu a deus e se foi. Eu no ônibus continuei, envergonhado. A partir daquele dia eu comecei a saber um pouco mais da vida.


Escrito por Daniel Vidigal

Um comentário:

  1. Daniel Vidigal,

    Que interessante mais uma vez compartilhando conosco um dos seus momentos que teve na vida. Como você mesmo disse quando começava a entender um pouco mais dela.

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